Tive meu afilhado e sobrinho, Guilherme Furlanetto Bertogna, dentro de uma UTI por vários dias. Abaixo coloco depoimento de minha irmã sobre estes dias.
Este é um testemunho de um milagre de Deus em nossas vidas.
De vez em quando recebemos a grata noticia do nascimento de alguém, um neto, filho de um conhecido, de um amigo, sobrinho, enfim sempre esperamos ver como será o rostinho, a cor dos olhos, com quem se parece mais. Sempre uma coisinha ou outra nos faz lembrar alguém da família e isso nos deixa com aquela sensação de paz que só um novo ser é capaz de nos transmitir. Durante 89 dias eu também esperei com uma plenitude inexplicável o renascer de meu filho, e foi uma gestação forte, arriscada,corajosa, de esperança, angustia, ansiedade, mas nunca de desespero. Nos primeiros 11 ou 12 dias Deus me levou para um mundo à parte, longe dos medos, das raivas, das horas, perdi o tempo, já não me preocupava com datas nem horários. Noites de sono, dos momentos de dor extrema, momentos em que eu queria entrar dentro do Gui ou pedir para que Deus tivesse misericórdia e se quisesse, que o levasse daqui, para não sofrer tanto. Foram só alguns dias assim, depois me encontrei com o silencio, foi quando despertei para a segurança DIVINA e entreguei meu filho, sim porque eu já não conseguia enfrentar tanta dor. Durante esse percursos sombrio, fiz muitos amigos, que estavam ali na sala de espera da UTI, nos consolávamos, nos entregávamos a um abraço para sentirmos um pouco de aconchego. Gente do Brasil inteiro naqueles instantes de espera,de uma nova e duvidosa noticia. Alguns se despediram felizes porém outros aos prantos, mas nos fortificamos na união da solidariedade, sempre falávamos de Deus, Jesus, milagres, morte e vida. Conheci um mundo muito triste, mas muito forte e poderoso, enfermeiros dedicados que passam as noites cuidando (eles choram também!!), conheci médicos incríveis ( eles se cansam, riem e soluçam quando choram, nem sempre conseguem salvar as vidas que lhes são entregues). Encontrei faxineiras, copeiras, ajudantes, manobristas, ascensoristas, que dizem bom dia com um sorriso no rosto! Todas as pessoas da área médica que atenderam o Gui o chamavam pelo nome, pediam licença quando precisavam cuidar dele, mesmo quando ele não os ouvia, dias em que estava num outro mundo (coma induzido ou com doses de medicações que o tiravam deste mundo). A vida fora do Hospital continuava, amigos sempre pedindo noticias, pessoas queridas que reservaram momentos e dias para rezar, me fazer companhia, me dar forças. Obrigada a todos vocês! Com certeza a nossa união nas orações foi muito importante para o reestabelecimento dele e eu pude sentir realmente as pessoas de meu lado, nunca me senti desamparada, nem sozinha pois também tinha Deus dentro de mim. A caridade de muitos ficou marcada dentro de mim. Hoje, depois de uma longa e difícil jornada, meu filho dorme em nosso apartamento, no quarto ao lado, posso ouvir a respiração dele daqui, e sei que nossas vidas é feita de amigos verdadeiros de gente corajosa e de FÉ! A família reestruturou a vida de meu filho, deu-lhe carinho e amor. Deus deu-lhe a salvação!
O Gui renasceu muito melhor que antes.
Agora é esperar mais um tempo, para que o restabelecmento venha por inteiro e enfim seja concluído.
Eu também renasci para um mundo mais bonito, sem egoísmos, nem vaidades ou orgulhos tolos. Acho que consegui querer ser melhor amanhã do que fui hoje, e percebi que ser mãe é mesmo padecer no paraíso...
Amo vocês!
Silvana.
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