08 junho, 2009

Coisas de professor!

Lendo este artigo, escrito por um colega, resolvi colocá-lo (em parte) aqui no blog, como forma de apoio.

Concordo plenamente com atitude tomada e estamos em luta permanente contra a falta de cultura e educação para com nossos jovens.


“Prezado Luiz,

Bonitas palavras.

Mas vá ser professor.

É muito fácil falar. Escrever mais ainda.

Mas trabalhar “fomento a leitura, incentivo a poesia, cultura local, cordel, manifestações artísticas e culturais” em uma escola, por exemplo, como a que trabalho, é extremamente difícil.

... Verba para ônibus? Não temos.

Pegar ônibus de carreira? Proibido pela Secretaria de Educação e, mesmo assim, impossível fazê-lo com uma turma inteira e os microônibus com uma entrada e roleta colada na porta que os servem. E igualmente impossível fazer isso pegando dois ou três ônibus, o que muitos dos lugares requerem.

Já quase saí na porrada com motorista e fiscal por causa disso, se você quer saber.

Mesmo assim, apesar de tudo, realizo muitas atividades diferenciadas com a intenção de ajudá-los a ver a vida de modo diferente. Coloco música em sala (não funk, apesar das reclamações), trabalho com arte, já produzi peças teatrais, desenvolvi projetos, saídas em campo, poesias, redações etc.

Procure em meus outros artigos e veja as produções.

Portanto, Luiz, eu tenho todo o direito de reprovar “a atitude generalizada dos alunos”.

Mas você nem ninguém têm o direito de dizer que ao fazê-lo “é porque não estamos mais aptos a exercer a função de educador ou professor”.

Tenho todo o direito porque quem está para fazer algo por eles sou eu.

Se você quer saber nem mesmo muitos pais e mães estão.

Mas com certeza não está quem critica minha crítica.

Não está a secretária de educação.

Não está o governador.

Não está o presidente da república.

Mas todos querem uma educação de qualidade e ela recai somente sobre os professores.

Sabe por quê? Porque sabe quem está lá?

Estou “nós”, professor.

“Nós” que preparamos nossa aula e levamos chiclete no cabelo (fatos já ocorridos comigo…).

“Nós” que pensamos em algo diferente para eles e não conseguimos fazer que façam.

“Nós” que oferecemos a eles uma aula com arte e os vemos fazendo guerra de tintas ou de argila, rabiscando paredes e carteiras.

Nós” que chegamos para dar aulas e somos recebidos com um “ah, professor, por que que você veio?”.

“Nós” que chamamos a atenção de quem está fazendo bagunça atrapalhando os colegas e somos ignorados ou agredidos verbalmente.

“Nós” que enfeitamos a sala e os corredores em um dia e os vemos todos sujos, rasgados, mulambentos no outro.

“Nós” que levamos filmes para passar e sofremos para conseguir uma Tv com DVD que funcione e, quando conseguimos, temos que parar inúmeras vezes para solicitar silêncio e atenção.

“Nós” que estamos lá.

“Lá” não estão os que criticam, a secretária de educação, o governador, o presidente da república, os responsáveis…

“Lá” estamos nós, o professor.

E, lembre-se, que ao apontar àqueles que “quando reprovam a atitude generalizada dos alunos é porque não estão mais aptos a exercer a função de educador ou professor”, você está com “um dedo apontado para eles e cinco para você”.

Não tenho mais, como achava, o dom da certeza absoluta; então, talvez você tenha razão: não estamos aptos a exercer a função de educador ou professor, pois as condições que nos dão não nos deixam sê-lo…

Artigo na integra na pagina: http://diariodoprofessor.com/2008/10/20/escola-professores-alunos-educacao-era-um-projeto-de-resposta-virou-um-artigo/

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