Fernando Furlanetto nasceu no dia 5 de março de 1897, um ano após seu pai, o italiano Antonio Furlanetto, instalar a primeira marmoraria em São João da Boa Vista.
Em 1911, com apenas 14 anos, partiu para a Itália, a fim de estudar no Instituto de Belas Artes de Pietrasanta. Durante oito anos, Fernando aprendeu a arte de esculpir com os mais famosos professores da época. Logo, o “menino americano” suplantou, em técnica e arte, os próprios italianos natos, conquistando o prêmio máximo do Instituto – a medalha de prata.
Mesmo tendo gabarito para trabalhar em grandes centros, Fernando fixou atelier em sua cidade natal, recebendo encomendas de toda a redondeza. E, assim, pasmou a imprensa local, por sua simplicidade e modéstia diante das maravilhas que produzia.
Considerava como sua obra-prima o monumento funerário de Dina e Angelina de Oliveira Bueno – a filha chamando a mãe, subindo os degraus do céu. Mas logo vieram outras obras impressionantes, como a escultura Caridade, para o jazigo da família do Cel. Joaquim Cândido de Oliveira; a Piedade, para o túmulo de José Pedro de Oliveira; e a monumental capela funerária do Cel. Christiano Osório de Oliveira.
Fernando não se dedicou somente à arte funerária. A maioria dos altares da Igreja Catedral é de sua autoria, além do complexo desenho do portal de ferro da Capela do Santíssimo.
O grande sonho de sua vida era ter mais tempo para se dedicar à “Arte Pura”, não subordinada a injunções financeiras de uma arte meramente “fúnebre”. Algumas de suas estatuetas ainda enfeitam salas de visitas da cidade. Das mais famosas, a Bailarina é a própria música, na delicadeza dos gestos, entrelaçando-se ao vestido esvoaçante – e a Volúpia, êxtase feminino no divã, uma ousadia para a São João dos anos 30.
“Para mim, o mármore é um fascínio. Eu não sei fazer outra coisa. A escultura tem sido a minha vida, e agora que os meus olhos já não me ajudam, sinto apenas tristeza...”, disse em sua última entrevista, aos 78 anos de idade.
Fernando Furlanetto faleceu no dia 20 de abril de 1975.
Historiador:
ANTONIO CARLOS RODRIGUES LORETTE
ARQUITETO URBANISTA
ROTEIROS POR ALGUMAS OBRAS DO CEMITÉRIO
Antonio Carlos Rodrigues Lorette (historiador)
O Cemitério Antigo de São João da Boa Vista conta com um rico patrimônio, mas pouco reconhecido pela população sanjoanense. São mais de 300 túmulos, jazigos e capelas, de valor histórico, artístico e arquitetônico, além de seu contexto ambiental, com boa parte do muro original e ruas arborizadas. É um museu a céu aberto, com o melhor acervo de obras do escultor sanjoanense Fernando Furlanetto. Convidamos você para percorrer as alamedas do cemitério, apresentando um guia resumido de seus monumentos e histórias.
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